Mostra Francisco Camacho

Francisco Camacho

​​A Mostra Francisco Camacho no TCSB ocorre num momento privilegiado do seu percurso, com uma plena imersão nos vários planos em que se tem desdobrado, na criação de solos e coreografias de grupo, como diretor artístico mas também em coautoria, na participação enquanto intérprete em criações de outrem, em projetos com contato com as comunidades e participações locais, nomeadamente pela prossecução laboriosa do projeto Viagem Sentimental, na atividade pedagógica e impulsionando a investigação em dança. A importância das suas múltiplas frentes nos caminhos da dança nacional articula-se com a continuada redefinição da ação da EIRA, estrutura que fundou em 1993 e de que se mantém diretor artístico.

O seu carisma enquanto solista é pretexto para uma sessão dupla desafiante, com o filme da versão original de O Rei no Exílio seguido do seu remake interpretado ao vivo. O intérprete com larga experiência de interação em grupo dá-se a ver em Assemblage, a mais recente criação. A vertente de diretor é ampliada com The Things We Carry, coprodução com a Çyplak Ayaklar de Istambul, sendo um testemunho da sua atenção às comunidades internacionais e investimento em cumplicidades com artistas no estrangeiro. 

Assinalando as questões de manutenção de obras em repertório e as práticas de remontagem e atualização que o tocam, temos a exibição de “Gust – os ensaios”, documentário sobre a criação de 1997, e considerada peça icónica da dança portuguesa. Segue-se uma conversa, tanto mais pertinente quanto está prevista a remontagem de Gust em 2023, a contar com parte significativa do elenco original volvidos 26 anos. Debruçando-se sobre a questão do idadismo, estreia o documentário Dança Sem Idade, que tem como pretexto o espetáculo VELHⒶS, de 2019. Se o elenco de The Things We Carry superou já os 40 anos, o de Assemblage engloba quatro gerações, e estes são mais dados para estimular a conversa que acontece após a exibição de Dança sem Idade.

Com atividade pedagógica regular, era incontornável um workshop orientado por si, de transmissão das suas práticas artísticas, com foco na interpretação entendida enquanto cocriação. Adicionalmente, as crianças têm a oferta de um workshop muito especial com o músico Berke Can Özcan, de realização de instrumentos sonoros, numa exploração lúdica da potencialidade sonora daquilo que está ao seu alcance quotidianamente.

O todo é coroado com uma exposição que percorre os 40 anos de Francisco Camacho na dança, e que também poderá ser desfrutada numa visita guiada pelo artista.

03/11 – Quinta

18h30 – Inauguração Exposição “1982/2022 – À volta da dança: rastos e presenças”

Um passeio pelo percurso de Francisco Camacho, organizado em 3 núcleos. O primeiro percorre desde os seus primeiros passos na dança até à atualidade, com fotografias, textos, material de divulgação, documentos e objetos. Um segundo núcleo consiste numa seleção de fotografias em maior escala, realçando linhas de força das diferentes fases da carreira. Por estar na origem de Assemblage que aqui tem estreia absoluta, conclui a exposição um conjunto de elementos relativos ao projeto Viagem Sentimental, das fases de pesquisa, desenvolvimento e apresentações, acrescendo links para textos escritos e gravados por Francisco Camacho para as bandas sonoras. Através da carreira do seu fundador, também a EIRA se dá a conhecer, estimulando a curiosidade de quem visita esta história, determinante na evolução da dança contemporânea portuguesa, num registo de proximidade e que apela aos sentidos.

19h00 – Documentário “GUST- os ensaios”, de Pedro Duarte , 

“Gust – os ensaios”, dirigido por Francisco Camacho, foi inspirado pela fotografia “A Sudden Gust of Wind” (Uma Súbita Rajada de Vento) de Jeff Wall. O desafio foi trabalhar a partir de corpos que se vêem projetados em movimento por causas exteriores à sua vontade, ao invés de corpos que se manifestam de livre vontade. O documentário mostra o processo de criação do espetáculo (1997), que se tornou um dos trabalhos mais simbólicos do coreógrafo e que circulou por diversos países. 

A seguir à abertura da exposição e à exibição do documentário, haverá uma conversa com Francisco Camacho, os diretores artísticos do Festival Citemor Armando Valente e Vasco Neves e o diretor do Teatro Académico Gil Vicente (UC), Fernando Matos Oliveira.

04/11 – Sexta 19h e 05/11 – Sábado 21h30

Estreia espetáculo “Assemblage”

Assemblage tem origem no projeto “Viagem Sentimental” que Francisco Camacho desenvolve desde 2017. Em “Viagem Sentimental”, o coreógrafo trabalha numa zona geográfica delimitada, visitando pontos de interesse e conversando com pessoas conhecedoras da história, dos hábitos e da cultura locais. Com base nesses elementos, cria um espectáculo sempre diferente, em que por vezes é acompanhado por participantes locais. Assemblage parte do vasto material coreográfico que o artista acumulou nas viagens, partilhando-o com um grupo de intérpretes de gerações, culturas e práticas muito distintas. A revisitação desses elementos de dança pelo grupo não pretende apagar o seu lugar de pertença original, mas sim reconfigurá-los numa escrita coreográfica que abre novas possibilidades de sentido. Não sendo uma compilação exaustiva das viagens realizadas, esta nova criação deseja todavia a expansão dessa sua matriz, continuando a abordar um conjunto de questões que incluem a tensão entre tradição e modernidade, a gentrificação crescente das cidades, a migração e o cuidar de si, oscilando entre a perspectiva crítica e a oportunidade para o humor, sem perder de vista a evocação dos pequenos prazeres e a vontade de andar avante.

M/6. Duração: 90 minutos

05/11 – Sábado

11h00 – Visita guiada à Exposição “19823/2022 – À volta da dança: rastos e presenças”

O coreógrafo e bailarino Francisco Camacho, diretor artístico e fundador da Eira, irá guiar a visita pelos documentos, imagens e objetos expostos, iluminando elementos menos conhecidos, esclarecendo alguns aspetos propriamente criativos e evocando cumplicidades. 

07 e 08/11 – Segunda, Terça

18h às 21h – Workshop com Francisco Camacho
Foca-se na vertente da Dança Contemporânea e dirige-se a quem desenvolve ou pretende prosseguir actividade profissional no âmbito das artes do espectáculo. É a oportunidade de um contato estreito com um dos mais destacados coreógrafos nacionais. O programa contempla a transmissão das práticas artísticas do bailarino, com foco nas questões do domínio e expansão das potencialidades expressivas do movimento, da gestualidade, da resposta criativa, dos mecanismos de estímulo do imaginário e dos modos de presença cénica.

Público-alvo: profissionais das artes performativas em geral. Duração: 6h

 

10/11 – Quinta

19h00 – apresentação “Filme: O Rei no Exílio” + espetáculo O Rei no Exílio — Remake

Em 1992, Bruno de Almeida realizou este filme sobre a primeira peça a solo do coreógrafo Francisco Camacho, O Rei no Exílio, estreada em 1991. Filmado em 35mm em Nova Iorque, o filme segue uma narrativa do olhar sobre a coreografia onde se acentuam detalhes e movimentos que criam uma leitura singular da coreografia de Camacho. Fugindo ao registo meramente documental, o filme torna-se assim numa obra original que segue o ritmo e a estrutura formal da peça para nos apresentar um olhar cinematográfico sobre a obra em si. M/12. Duração: 30min

Em 2013, Francisco Camacho recriou a peça original, dando o nome de “O Rei no Exílio — Remake”. O espetáculo é inspirado no último Rei de Portugal D. Manuel II, que se exilou em Inglaterra em 1910. A peça opera sobre a memória, num processo de desconstrução e reconstrução, expondo um corpo presente que tenta sobreviver a si próprio e uma personagem que é o resultado da justaposição do próprio coreógrafo com Dom Manuel II. Desenvolve-se numa linha de tensão de identidades ambíguas e de uma personagem obsessiva, rodeada dos seus vícios triviais, encerrada na sua existência e perdida no vazio dos seus segredos. É um retrato de um certo Portugal, por vezes irónico, por vezes controverso, onde a solidão e o isolamento são permanentes. M/12. Duração: 47min

 

11/11 – Sexta

19h00 – Estreia Documentário “Dança sem Idade” seguida de conversa

Participantes: Francisco Camacho, Diego Lasio, Pia Kramer e Ana Cristina Santos

Dança Sem Idade teve o seu impulso com a criação do espetáculo VELHⒶS, que teve estreia em Braga no final de 2019, e que reunia um grupo de profissionais com cerca de 50 anos, desafiando os cânones da dança ocidental aprisionados na ideia de juventude, força e superação física. Este documentário toma como sua matéria exclusiva os depoimentos dessas bailarinas e desses bailarinos, e do compositor de música original e tocada ao vivo, numa montagem que os coloca em diálogo, evidenciando as suas perspectivas pessoais sobre aspetos profissionais e artísticos que surgem com o avançar da idade.

 

12/11 – Sábado

11h00 – Workshops Construção de instrumentos com Berze Can Özcan

Berke Can Özcan é um baterista/compositor, fabricante de instrumentos e colecionador de sons. É um artista/músico solista e em seus concertos são reunidos uma enorme variedade de instrumentos feitos à mão e sons de todo o mundo. Berke é um dos intérpretes/criadores do espetáculo “The Things We Carry”. Nesta oficina para crianças, ele tem como objetivo fazer três instrumentos, criando sons com princípios diferentes e espera improvisar coletivamente no final com os objetos criados durante a oficina. A ideia principal da oficina é transformar objetos quotidianos em instrumentos que produzem sons.

M/10. Duração: 120 minutos

 

12/11 – Sábado 21h30 e 13/11 – Domingo 16h

Espetáculo “The Things We Carry”

As coisas que carregamos são as de que necessitamos, que nos permitem sobreviver? Ou são aquelas que perpetuam um modelo de vida já conhecido sem que o questionemos? Repetimos gestos inconsequentes, sem nos apercebermos da sua irracionalidade ou repetimo-los porque sem isso deixaríamos entrar o vazio? Temos pleno controlo do nosso laboratório de vida ou as nossas ações não são mais do que modos de adiar o confronto com uma interpelação que poderá pôr toda a nossa vivência em causa?

O espetáculo desenvolve-se em cenas que originam outras, num continuum de ações que evocam a viagem, o nomadismo, a criação de condições para a sobrevivência e manutenção de um modelo de vida já familiar. As notas de desassossego e provação têm o seu contraponto na ironia e irrupções de vitalidade que pontuam a jornada dos performers. As suas ações são estruturadas sobre uma série de questões que se pretende que encontrem ressonância no público, implicando a posição e experiência de vida de cada espectador/a.

M/6. Duração: 65 minutos

Informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Credits


Realização EİRA , Teatro da Cerca de São Bernardo, A Escola da Noite
Co-financiado por República Portuguesa, Direção Geral das Artes, Câmara Municipal de Coimbra
Apoios BAM Design, Instituto Camões, Embaixada de Portugal em Turquia, Fuori Margine
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